Vem de peça que eu vou na mão!
A peça que faltava!
Meu pai é um homem muito simples. Sua quarta série primária não foi suficiente para tirar dele expressões como “menas”, “drobla”, e “diminói”. Na verdade, antes que alguém o tenha por ignorante, essa é, apenas, a manifestação da língua portuguesa viva presente em grande parte da população brasileira em detrimento da imposição gramatical. Se quiser saber mais sobre isso, indico o livro: A língua de Eulália.
Voltemos ao pai. Apesar da simplicidade do homem do campo, carrega a sabedoria de uma vida. Já dizia o patriarca que homem bravo não se aposenta.
Pois bem, certo dia desses, ao abordar um menor que já trazia seu corpo cravejado por chumbo e era bem conhecido no meio policial, aconselhei-o a ir morar com alguns parentes em outro estado, afinal de contas, estava ameaçado de morte por um outro grupo. Eis que escutei a expressão que dá título a essa rascunhança: “Qualé sinhô? Os caras já veio de peça e eu sai com eles na mão e pus eles pra corrê! Aqui é noix! (sic)”. Devidamente advertido que ali não era ele, nem noix, mas que ainda estamos sob a égide da lei, o deixei incólume aos seus aposentos, certo que teria notícias em breve.
Não demorou muitos dias e a promessa se tornou realidade. É difícil no Brasil, pra não dizer impossível, mesmo sabendo quem são as possíveis vítimas e autores de homicídio, fazer prevenção com a atual estrutura legal vigente. E não pensem que outras medidas não foram tentadas, contudo, esbarra-se numa série de empecilhos que não permitem uma maior eficácia.
Um de seus desafetos, também menor, fora apreendido nos últimos 12 meses com 11 armas de fogo (portando na rua). Entrávamos de serviço e começava a caça. Sabia que mais cedo ou mais tarde o Estatuto da Criança e do Adolescente ampararia mais um homicídio. Pois é, desta prisão, esse primeiro adolescente nunca mais sairá. Eles foram de peça – arma de fogo – e ele foi na mão. Resultado: arrebentou minhas estatísticas e ajudou a manter a inversão; nascem mais meninos, mas tem mais mulheres na sociedade porque os homens são bravos demais para chegar na fase adulta! Gostou do post?
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Muito bom realmente e infelizmente é a nossa realidade, os menores cada vez mais, estão se perdendo em nossa sociedade cheia de “facilidades”
Falta de repreensão estatal a altura. Falta de estrutura familiar. Falta, falta…
Muito bom texto.
Obrigado
Algo inacreditável acontece em nossa sociedade marginalizada, qual seja, a coragem excessiva. Melhor morrer ao mudar de vida
Infelizmente os infratores preferem morrer a mudar de vida. Muitos, inclusive, tem outras alternativas, mas continuam neste mundo.
Meu pai fala “broco”, tem uma dicção bem complicada, fala rápido e em frases curtas. Mas sem ele não estaria onde estou e não teria bases para alcançar meus sonhos. Ele acreditou em mim e me incentivou, de *Broco* em *Broco* estamos construindo o que buscamos. Viva o *Papo de polícia* porque- logo, logo- estarei fazendo parte à caráter!!!!!!
Seja bem vindo ao time…
Em breve vai sair mais um texto com referência ao meu pai. Ele é minha referência.
Parabéns. Sábias palavras inseridas na edição apresentada. Na sociedade contemporânea, temos visto uma gama de facilidades que permeiam a vida desses menores e, em algumas situações de torna uma isca para os mesmos. Mesmo diante de tantas realidades distintas “alguns” optam em permanecer no universo que os correoem. É preciso verem novos caminhos que os tornarão cidadãos íntegros, de boa índole, caráter; enfim, os tornem homens construtores de um futuro e uma sociedade mais justa, humana e fraterna. Uma vez que todos vivam a cidadania e, de fato, reconheçam seus direitos e deveres.
Disse tudo meu caro.
Bom dia!
Parabéns pelo texto…
Infelizmente, esse é o cenário atual… essas crianças estão vendo a todo momento o desfecho da ” vida loka” e mesmo assim fazem questão de ingressar nesse submundo.
Sei de um jovem que tentou a todo custo entrar nesse “meio”… Lamentavelmente, a última notícia que tive dele é que havia sido apreendido com arma e entorpecentes…
Também conheço alguns assim…
Excelente texto. Triste realidade.
Valeu.
Excelente texto; nossa realidade; refletindo o universo do país que vivemos.
Obrigado amigo.
Todas as vezes que ouço estatuto da criança e adolescente eu fico invocada para não dizer indignada, meus pais tiveram onze filhos sendo oito homens. Os quatros mais velhos não frequentaram escola na sua infância começaram a [trabalhar] cedo fizeram supletivo a noite. Meus três irmãos mais novos começaram a trabalhar com 7- 9- 11 anos de idade,e isto não os impediram de estudar e de serem crianças felizes! Como nós brincávamos!!! E todos se tornaram homens de bem!
Pois é. Nem todas nossas crianças estão tendo essa oportunidade.
Essa é a triste Realidade da nossa sociedade atualmente, pena né, mais não vejo nem sombra de alguma melhora!!!!
Pois é. Cenas dos próximos capítulos.