O cano chamado Segurança Pública

Imagem: Folha de SP
Famigerado Cano
Um dos “flashes” de memória de criança me leva a uma mudança. Enquanto minha mãe empacotava algumas coisas em um processo de achar coisas perdidas e perder coisas achadas – que toda mudança promove – meu pai retirava e guardava alguns materiais mais “típicos” de homens. Sabe-se lá porque cargas d’águas meu pai resolveu levar um cano para a nova residência. Era um cano que vinha de uma mina, passava por baixo do terreiro e saía próximo a parede, ligando-se a caixa.
Lá estava meu pai com um enxadão, escavando a terra próximo ao cano para desenterrá-lo. Neste momento eis que surge o prodígio filho querendo demonstrar que era o primogênito herdeiro da profissão de agricultor.
– Deixa pai, deixa eu tirar o cano.
– Não meu filho, você é muito pequeno e vai cortar o cano.
– Ah pai, eu sei fazer sim.
– Então vai.
Entrando pelo Cano
Lá se vão muitos anos mas lembro como se fosse ontem. Na primeira enxadada uma série de efeitos da lei de ação e reação aconteceram:
1 – Eu acertei no meio do cano;
2 – O cano já começou a esguichar água que por mero acaso do destino (eu nem acredito nisso), voou em direção ao meu pai.
3 – na proporção e velocidade com que a água molhava o pai eu tomava uns tapas sob o argumento: “eu disse”!
Meu pai acabou de tirar o cano, agora molhado, e o colocou em cima do caminhão de mudança. No meio do caminho perdemos o referido e furado cano. Eis muitas lições nessa história.
A primeira: pra que eu fui me meter no que eu não fui chamado?
A segunda: qual ser humano normal deixa uma criança de 04 anos tirar um cano enterrado e espera um serviço de qualidade?
Segurança Pública
Ao entregar a segurança nas mãos de crianças, em vez de se fazer por competência e habilidade técnica, percebemos a cada dia uma série de enxadadas que servem única e exclusivamente para piorar o que já não estava lá muito bom.
Se metendo naquilo que nada entendem, vãs filósofos, doutores em segurança formados em condomínios fechados e que não conhecem a realidade das ruas, também não contribuem para a construção de uma segurança pública de qualidade. São “deuses” do sofisma e crianças na prática. Mestres em comparações da polícia brasileira com a inglesa ou a americana sem levantar a mesma diferenciação no quesito sociedade, estrutura, educação.
E dá-lhe enxadada no cano. Cada buraco é um esguicho de verba, de crédito, de esperança, “descanalizado” das corporações policiais para engrandecimento dos infratores, ou vai dizer que nunca viu parte da imprensa de esquerda divulgar: “Polícia despreparada mata….”, julgando a instituição por um erro isolado e coloca nas manchetes: “quadrilha especializada…”, num gesto de demonstração de competência do crime em desfavor das autoridades legalmente constituídas. Lógico, isso interessa “alguéns”.
Prelúdios do fim
O dia que alguém der por falta do cano da segurança, talvez toda água da sociedade terá se esvaído e não sobrarão nem crianças intrometidas, incompetentes nem aqueles que as colocaram lá, pois perecerão pela sede.
De certo mesmo nesse emaranhado de informações e desabafos foi a coça que eu levei e que no final, com a perda do cano, fiquei com a sensação que foi de graça!
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Enquanto nossas leis não mudarem esse furo do cano jamais será fechado e mais dinheiro se perderá em tentativas em vão para solucionar o problema da segurança pública. Por conhecidencia hoje eu assisti um video de uma guarda municipal não me lembro de qual estado que prendeu dois menores com duas armas de fogo e antes meamo que fosse finalisado o registro da ocorrência os menores infratores ja estavam novamente na rua. E em entrevista a um reporter os meliantes debochavam da justiça dizendo que não ficariam presos e que voltariam a cometer assaltos. Resumindo… o que existe nos dias de hoje e a certeza da impunidade.
É verdade meu caro. Precisamos urgentemente de mudança na estrutura de nossas leis.
Puta que pariu! Parabéns, parabéns e parabéns! Vc é simplesmente incrível. Não dá para colocar no papel, vc é foda!!!! Texto brilhante.
Obrigado pelo comentário entusiasmado…rs
Toda vez que acontece algo, os especialistas são chamados nas emissoras e ficam em devaneios. Deveriam assumir então o pepino e gerenciar a crise, já que entendem tanto de cano furado.
Meu caro;
Diversos especialistas em segurança já estiveram em cargos estratégicos dentro da segurança. Foram secretários, chefes das polícias civis e militares, alguns, até, ministros, chefes da PRF, PF e está aí até hoje do jeito que está…Falar é fácil, mas soluções, são bem complicadas e levam tempo.
Excelente texto. Parabéns pela criatividade. Olhando a história do Brasil, em especial a colonização e formação étnica do povo brasileiro, penso que o Brasil começou errado, continua errado e as chances de concertar são ínfimas.
Sim, não começou nada bem, cabe a nós tentarmos melhorar um pouco o futuro.
Excelente reflexão. No nosso país ainda prevalece o amadorismo, apesar de existirem muitas pessoas boas e que pensam a frente do seu tempo. As chances são dadas sempre ao cara que sabe, melhor, fazer o jogo político e quase sempre esse cara não é o mais competente. Enquanto for assim… serão muitos canos quebrados…
Obrigado pelo comentário. Mas vc é sempre suspeito…rs
Armas protegem! CVR década de 1980,interior de S ão Paulo. Meu Pai tinha, antes do Estatuto do Desarmamento, 6 armas. Morávamos em uma casa, garagem em frente à rua, portão baixo, e que era guardada por uma cachorra vira-lata que tinha ojeriza a vagabundos. Certo dia, à noite, todos de minha família cenávamos e, em certo momento, a cachorra começa a latir enraivecidamente. Lembro-me de ter ido à janela da sala de jantar (janela adjacente à garagem) e ter ouvido dois vagabundos dizerem: “Vamo pulá o portão, a gente amansa a cadela. Quando me viro para alertar a todos de minha família, já vejo meu Pai, de bate pronto, com a cartucheira 36 dele (era uma de cano duplo) apontando para os vagabundos e dizendo: “Vocês podem amansar a cachorra, mas o cano que lhes aponta é bravo. Os vagabundos fugiram e nunca mais apareceram. E se fosse hoje?
Como dizem por aqui: “tava no sal”
Excelente texto. o Problema é que não é só as leis, mais também a sociedade que tem má índole.