Atividade policial, justiça e legalidade
Legalidade e atividade policial
Olá nobres leitores
Gostaria de compartilhar com vocês uma realidade que poucos conhecem, mas que todo policial já viveu, direta ou indiretamente. É aquela sensação de ter cumprido o seu dever, mesmo tendo feito uma ação na linha tênue da legalidade. Várias vezes falei aqui que a atividade policial é extremamente complexa, porém, não tinha muita propriedade para tratar do assunto, na época. Hoje vivo esta complexidade na pele.
Aqui onde trabalho, parece que “vender droga” é um bico como outro qualquer; é como ter um trabalho fixo, de carteira assinada e tudo, e nas horas de folga o cara vai vender droga. Simples assim! É muito difícil passar em uma rua para não se ter uma residência suspeita de ser uma boca de fumo. E o policial tem que ter a expertise de reconhecer que está trabalhando em uma comunidade pobre e que a maioria das pessoas que são abordadas são honestas e trabalhadoras, sem envolvimento com o crime.
São muitas “bocas de fumo” e muitas destas residências dão abrigo a armas de fogo – de várias espécies. O trabalho da “co-irmã” é escarço e quase não se tem investigação dos crimes cometidos e dos supostos pontos de venda de drogas. E aí, como trabalhar e combater este tipo de crime sendo policial militar?
Mesmo diante de tantas dificuldades, a Polícia Militar é a responsável – quase que absolutamente – pela apreensão de drogas, armas e prisão de bandidos, aqui na região onde trabalho; e acredito que não seja diferente nas outras regiões do Estado da Bahia. Mas na mesma proporção caminham as denúncias feitas por civis nas unidades da PM, reclamando de excessos cometidos por policiais; algumas verídicas e outras que apenas são acolhidas pelo manto da oportunidade, já que é muito fácil encontrar eco para criticar e depreciar a atividade policial militar, no Brasil.
E no meio disso tudo ainda temos que conviver com a desconfiança social diante do trabalho policial, com as audiências de custódias e com o fortalecimento dos movimentos que apenas se rebelam para defender e proteger o infrator; sem contar nos problemas internos que ainda tempos que lidar.
Diante disto e das coisas que já vivi e ouvi falar, nestes meses de “área e viatura”, ainda não consegui entender porque os policiais militares ainda buscam tanto o trabalho; porque ainda correm tanto atrás “do problema”; porque se expõem tanto ao risco de responderem por suas ações legítimas, mas nem sempre tão legais; eu sinceramente, não entendo porque a polícia militar do Brasil ainda não parou. E não estou me referindo a “greve” – longe disto – estou falando de parar por falta de condições de trabalho. E pior, ainda não compreendi o porque eu, entendendo tudo isso, ainda busco tanto o trabalho, corro atrás do problema, me exponho tanto e não sinto vontade de parar.
Só quem é, sabe!!
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É acreditar no que faz!
Ótima reflexão, e um texto bastante delicado, pois nos incita ao questionamento. Justamente é o que me pergunto todos o dias, o que na verdade me move, ou melhor, o que na verdade nos move? Onde está a nossa mola propulsora? Às vezes, mesmo tendo as nossas ações pautadas na estrita legalidade e de acordo com os príncipios de ação policial militar, parece que diante da sociedade estamos sendo arbitrários visto que os indivíduos sociais aprenderam a serem “sujeitos do contra”. Qualquer ato do policial militar está passivo a julgamento, todavia somos julgados pela sociedade e pela mídia muito antes do fato chegar à justiça. Acredito que somos um dos melhores policiais do mundo, pois diante de tanta precariedade e a enerme falta de desvelo governamental e social ainda assim continuamos a fazer um bom trabalho! Ser policial é isso, fazer tuuudo mesmo sabendo que a sociedade e o Estado merecem o naada!!!
Ótimo texto, Jordão!! Confesso que, desde que me formei em Direito, estou em contato contínuo com pensamentos de juristas, defensores públicos, advogados, enfim, operadores do direito ditos mais “humanizados” cujo trabalho consiste em apontar a atuação da Polícia Militar como principal problema da segurança pública brasileira. É preciso discernimento para não absorver por completo esse tipo de discurso, visto que parcela considerável das críticas é genérica, superficial e alheia ao difícil dia-a-dia policial.
Admito que sinto falta de canais de comunicação (sites, blogs, etc) que demonstrem o “outro lado da moeda”, sinto falta de mais “vozes” policiais que exponham, através de textos e debates, a sua realidade à sociedade e, por esse motivo, te parabenizo, pois faz um importante contraponto!
(Era frequentadora assídua do seu blog antes de vc ser aprovado no CFO, passei um tempo afastada, mas estou de volta!)
Valeu Dafne. Estamos juntos, obrigado pela parceria.
abraços