Mãe, filosofia universal
Mãe sempre tem razão
Se sua mãe já te disse que você era pequeno demais para sair, viajar sozinho, curtir uma festa e grande demais para ficar em casa vendo TV, que já passava da hora de trabalhar, sim, ela formou na mesma escola de mães que a minha.
A atitude da minha para comigo era, logicamente, pensando no meu bem. Essa atitude, as havaianas remendadas com prego ou a varinha de goiaba que vez ou outra visitava minhas pernas num movimento descendente giratório de dar inveja a qualquer faixa preta de arte marcial, eram itens de educação (que se diga de passagem, e aqui fica minha nota de repúdio, não se repetiram nos irmãos mais novos. Vai entender). Voltemos.
A atitude dúbia das mães não é entendida por quem tem alguns poucos anos de idade e já se sente dono do mundo. O dia que você se torna pai ou mãe entende boa parte das atitudes dos seus ascendentes.
Vá entender!
Ocorre que sendo policial sofremos dessa mesma atitude dúbia.
– Deveríamos bater mais, mas quando usamos de força contra o parente / amigo / chegado, somos truculentos e despreparados;
– Deveríamos matar mais, mas quando usamos de força letal contra parente / amigo / chegado, somos equivocadamente treinados, por sermos militares, vemos o infrator como inimigo.
– Deveríamos tirar mais armas e drogas de circulação, mas é humilhante abordarmos o cidadão.
– Deveríamos fiscalizar mais o trânsito, os inabilitados que atropelam, os alcoólatras que matam famílias, mas não deveríamos fazer “multas”.
No campo jurídico, alguns defendem que não poderíamos cumprir mandados de busca e apreensão, pois não somos autoridades, mas podemos responder por abuso de autoridade.
Especialistas de carteirinha
Quando eu estava na faculdade trouxeram um doutor em sociologia para proferir uma palestra. Disse o bem-aventurado na dita cuja que ele ria dos panfletos que nós da PM entregávamos com dicas de autoproteção (não deixe a chave no veículo quando sair deste, não ande com valores vultuosos, evitar passar por locais ermos, etc). Disse que isso é o atestado de incompetência da Polícia Militar.
Sobre a polícia civil, afirmou que essa instituição era a responsável pela maior parte das armas em circulação no país através da reinserção delas após apreensão. (CPI das armas e ONG VIVA RIO, em 2005, constataram que apenas 2% das armas apreendidas já estiveram alguma vez na mão do Estado, ou seja, foram roubadas, furtadas de delegacias, fóruns, etc. Desses 2%, 0,3% não chegaram a ser catalogadas em processos, ou seja, poderiam ter sido realmente reinseridas no mercado de maneira criminosa por parte de algum criminoso transvestido de polícia). Traduzindo, uma grande mentira o argumento do sociólogo.
Resumo da ópera
Alguns poucos anos depois eu entendi boa parte de tudo que minha mãe fazia comigo. Lendo diversos livros antigos de policiais, fazendo parte de uma instituição bicentenária, ouso dizer que vou sair da polícia sem saber o que querem estudantes, estudiosos, sociólogos, filósofos, imprensa, etc. É igual treinador da seleção brasileira; todo mundo quer dar pitaco.
Nessa briga entre estudiosos da segurança pública, políticos, imprensa, lembro-me da frase de um colaborador que trabalha comigo: “Oh chefe, na briga da força da onda do mar contra a dureza dos paredões de pedra, quem toma porrada é o camarão!”. Quem você acha que é o camarão da vez?
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Vou inaugurar a galeria dos comentários. Como sempre, meu amigo Wesley nos brinda com excelente produção textual. Ficamos felizes e rogamos a Deus que continue lhe dando graça para escrever os brilhantes textos como esse. Nossa mãe tem razão, mas quem será mesmo o camarão?
Valeu zero um do comentário.
Muito complicado se posicionar quanto a uma solução para nosso país, mas a única verdade é que nossa mãe tinha razão precisamos ser homens.
Não existe soluções prontas, mas existe passos a serem dados.
Acredito que assim como eu, meus irmãos de farda estão cansados de especialista em segurança publica. Sabem o que o País está precisando? Assim como Deus fez com o povo no deserto, acabou com aquela geração incrédula, insatisfeita, murmuradora…. O país só vai mudar quando essa geração morrer e vier outra com nova mentalidade. Temos muitos especialistas do lado errado, judiciário corrompido, legislativo nem se fala, políticos pisando na cara do povo, vivendo do povo. Muito direito, muita lei, muito imposto, consequência: muito ladrão, muito bandido, muita corrupção.
Como ter orgulho desse país se ele só lidera as piores pesquisas? O que mais mata, o que mais consome drogas, os piores índices na educação, criamos ate uma nova modalidade de crime, corrupção sistêmica. Se você aprova tudo isso, parabéns, você é um brasileiro feliz….
É de fato meio frustrante ser líder no pior, mas vamos que vamos…lutar pelo ideal e desistir jamais.
Ele fala de não repetir o fato contra o irmão mais novo….kkkkkk esse cara é comédia!
Você não passou nem 10% do que passei…rs
Belas palavras mun texto com elaboração relista amigo Wesley
Obrigado parceiro. Conte sempre conosco.
Reflexão MT válida… BRasil se afunda em doutores de segurança que passaram os últimos anos de suas vidas em universidades doutrinárias, ensinando nada …..e fizeram um ótimo trabalho alimentando os traficantes locais.
Trabalho em uma cidade universitária , MT raro um mês que não acontece algum homicídio(disputa pelo tráfico etc etc) .Passamos os últimos anos doutrinando amontoados de esquerdista , que tudo sabem e de nada entendem!
Não podemos generalizar, mas há muita verdade nas suas palavras.
Em minha humilde visão, o camarão é todo aquele brasileiro ou brasileira, trabalhador honesto e que construiu para o crescimento do PIB, e vê a moral e a ética serem assassinadas por representantes legítimos do ente estatal, em prol da corrupção impregnada na raça humana, uns contidos deste maléfico sentimento outros com aguçada sabedoria Satã, ambiciosos e escravos da ganância, o que culminaram com o abandono e caos dos serviços prestados pelo estado democrático de direito.
Filosofou bonito. Verdade.
Ótimo texto, como sempre. Essa equipe é 10!!! Wesley, vc falou algo mt legal e que completa o texto anterior e traz uma reflexão, produto do texto do amigo Jordão: conveniência. A polícia é sempre alvo de opiniões que não refletem a realidade, mas apenas a conveniência intelectual e emocional daquele que fala. É mt difícil ser mais do q palavras e acreditar verdadeiramente no conceito de justiça e sociedade democrática q vivemos. Só; quando acreditarmos, não teremos mais pessoas reclamando de blitz e sentindo-se ofendidas ou humilhadas apenas e tão somente por serem abordadas pela polícia. Tmj, ótimo como os textos se complementam e transportam a gente para uma reflexão profunda da atividade policial; o que; claro, enriquece mt minhas redações. Tmj!!!
Essa é a ideia. Levar as pessoas a refletirem um pouco mais sobre o cotidiano policial.
Texto excepcionalmente nota 10. Parabéns pela arte de suas ricas edições voltadas à realidade.
Deus o abençoe!
Um grande abraço!
Obrigado amigo.
Excelente texto! Nós brasileiros fazemos análise de tudo como doutores no assunto, mas na grande parte das vezes não sabemos nada. Dizemos: “estão roubando muito, muitas crianças morrendo…”, Entretanto não sabemos os dados de uma pesquisa sequer, tudo no “achismo”, empirismo, no ouvi dizer, vi na TV, etc.
Fora o tanto que repetimos e multiplicamos pelo zap zap, facebook, sem chegar a fonte….aff
Excelente texto. Mas deixo aqui uma indagação…, porque o mundo não é governado pela minha mãe, mas aquela mãe que me educou e não a mãe de hoje, aquela é vó e não deixa eu apresentar o ECA para minha filha, conforme eu fui apresentado há 38 anos atrás. Mas, como vivemos em plena evolução… Onde vamos para, se até ainha mãe não é mais a mesmas…
A pergunta é, estamos evoluindo ou involuindo?
Meu amigo Wesley, como sempre excelente texto, parabéns.
Quanto aos críticos de plantão, aprendi que isso faz parte da cultura do povo brasileiro, quem sabe, do ser humano e se não for construtiva, melhor é deletar. Seguir em frente e fazer aquilo em que acreditamos nos deixa em paz com a nossa consciência, o resto é correr atrás do vento.
Tem uma música do capital inicial que diz assim: “se for olhar o que que vão falar não faço nada…”
Excelente analogia, comando. Venho exaltar a importância do BLOG, que traz informações desse porte, sem pautar ocorrências, como a maioria. F&H!
Obrigado. Sempre aberto a sugestões.
Parabéns pelo excelente texto meu amigo… Queremos saber das coisas, mais a verdade é que nós não sabemos de nada, apenas achamos que sabemos. Realmente o mundo está cada vez mais mudado, e pra pior, como disse um companheiro acima, “nem mesmo nossas mães e pais são os mesmos” , atitudes que tinham conosco antigamente, hoje, com os nossos irmãos mais novos, não passam nem perto. E quando questionamos, a primeira coisa que falam é que os tempos são outros… E indago que os tempos podem ate ser outros, mais os princípios, a ética e a educação tem que permanecer independente do tempo…
Obrigado. Infelizmente, tudo tem mudado muito rápido e nem sempre pra melhor.