Vidas banalizadas
Vidas secretas, esposa e início da história
Outro dia minha turma de soldados fez um churrasco para comemorar 10 anos de ingresso na corporação. Minha esposa foi. Eu não gosto de levar minha esposa. Ela sempre descobre algo que não deveria. Uma policial que trabalha comigo, pensando que estaria me ajudando, chegou perto dela e disse que minha mesa é muito arrumada, tudo organizado, cada coisa devidamente separada. Minha esposa já virou pra mim e fez a pergunta de um milhão:
— Por que não é assim lá em casa?
E com a maior cara de pau respondi:
— Porque gasto o estoque de arrumação no trabalho. Lógico que deu DR, mas isso é para outra postagem…
Síndrome do “deixa tudo como está”
É necessário ser organizado para que o trabalho possa fluir e não consigo entender como tem gente que consegue viver em um pulgueiro. A respeito disso, meu pai tinha a teoria própria que “o porco acostuma com o chiqueiro”. É aquela velha máxima da teia de aranha que quem convive com ela se acostuma mas incomoda quem chega de fora.
Pensando sobre isso ligado a segurança, creio que o povo brasileiro meio que entrou na teoria do pai e se acostumou com o mar da insegurança. É estarrecedor a letargia do povo quanto a esse assunto. É fato que existe um grande clamor por segurança, mas muitos dos que clamam por esta, continuam a votar em candidatos sem qualquer proposta para a área, trocando seu voto por um saco de cimento enquanto a consequência direta disso é ficar sem a casa toda.
Uma das minhas diversões quando estou de folga é estudar sobre aviação comercial. Eles têm uma frase bem interessante: “nenhuma vida na aviação foi perdida atoa”. Isso significa que quando um avião cai, muitas vezes, gastam-se valores maiores do que a compra de um outro para sua reposição, envidando esforços para encontrar a causa/motivo da queda. Quem perdeu a vida, serve, no mínimo, para uma investigação rigorosa visando que outros também não tenham vidas ceifadas pelo mesmo problema.
Banalização
Infelizmente, o Brasil perde vidas atrás de vidas sob o manto da indiferença. É lógico que por se tratar de ciência social fica muito difícil ser tão pragmático, mas as mortes no Brasil não servem de nenhum aprendizado. Vez ou outra, morre uma vida mais importante que a minha ou a sua e aí se faz alguma manifestação. Fica nisso. Amanhã, vamos acordar cedo, trabalhar, porque enquanto estiverem roubando e matando o vizinho, problema dele.
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Excelente texto Wesley.
Certa vez eu perguntei para um comerciante porque ele tirava as teias de aranha do seu comercio, ele respondeu que teia aranha no comercio fazia juntar dinheiro. Imaginei só se fosse para grudar as notas.
Parabéns pelo texto Weslley!
Uma abordagem direta, com um toque de sutileza, sobre esse grave problema que assola nosso país.
Abração!
Rapaz…. Ontem de manhã conversava com um amigo sobre como no Brasil ser bondo
so virou prejuízo, como ser ovelha virou profissão e profissão levada à sério. Digo isso pq hoje nós vivemos inseguros, limitando nossa liberdade, adotando protocolos e medidas de segurança para que não sejamos vítimas. É um cenário tão triste, que nos acostumamos com essa letargia e nos sentimos bem em perder nossos direitos e viver a vida com insegurança, comemorando qnd vivemos mais um dia….. Não aceito isso de forma nenhuma, isso me irrita mt. Contarei para vc um caso real daqui. Um dia, numa roda de conversa, depois de ouvir as criticas sobre a fiscalização, um rapaz e uma moça concordaram que uma garota; agredida por marginais de uma área de alagoinhas; não estava certa em ignorar, não falar ao menos com os marginais da sua região, não respeitando assim os PROTOCOLOS E MEDIDAS DE SEGURANÇA, dando para mim a impressão de que os marginais estariam de alguma forma certos, já que eles pareciam desaprovar o comportamento da garota. Juro por Deus, por dentro eu queimei de ódio, não entendo esse conceito de segurança e de valores que eles me apresentaram naquele momento, mas, graças a Deus, premaneci calmo e apenas terminei de ouvir. Agr? Agr tenho diversas respostas para comportamentos assim, mas a pergunta mais preocupante é PQ ELES NÃO MUDAM SEU PENSAMENTO, PQ A LETARGIA, O SONO PROFUNDO? Ótimo texto, Wesley. Desculpa mandar tanta coisa.
Excelente texto! Banalização é, com certeza, a palavra-chave. Isso começa com raízes culturais históricas e se arrasta à questões mais contemporâneas, como descrédito no sistema de justiça ou apologias de várias formas. Fato é que esta letargia é “conveniente” para seus interessados e, portanto, não vejo prazo para remediação. Domingo passado (29/04) o Fantástico enalteceu a PM de Santa Catarina pela eficiência no combate/prevenção ao crime (consequência do ciclo completo de Polícia e emprego de tecnologias como tablet e câmeras de alta resolução). Comentando com um colega paisano, ele fez o seguinte comentário: “isso é notícia encomendada, duvido que seja como falaram!” “Encomendada”!? Pode até ser… mas o que chamo a atenção é a crença, por parte da sociedade, de que o cenário do crime no nosso país não tem solução.
Ótima reflexão!!! Parabéns pelo texto…